Identidade Social na Adolescência

Veja como os adolescentes não vivem sem as novas tecnologias

Identidade Social na Adolescência
(Reflexão e fundamentação das escolhas)

Identificar as características e discutir o processo de construção de identidade na adolescência foi a proposta de trabalho desenvolvida na actividade 2. Com a bibliografia disponível na plataforma e com outra lida por nós, procurámos com este trabalho analisar o processo de construção da identidade durante o período da adolescência.
Da análise da literatura e dos posts colocados pelos alunos da disciplina verifica-se que há uma grande influência da internet na construção da identidade durante a fase da adolescência. Podemos mesmo adiantar que a Internet permite aos jovens vivenciarem sentimentos de competência; constitui-se como um espaço de exploração da identidade e funciona como um meio de socialização.
Outro aspecto importante e que foi focado por mim e por vários colegas, diz respeito à segurança na internet. O papel dos pais e encarregados de educação foi tido como importante, assim como o cumprimento de algumas normas (algumas das quais alojadas no fórum).
As duas intervenções seleccionadas por mim vão ao encontro dos desafios colocados e procuram responder às várias questões que foram surgindo no Fórum, como " De que forma as novas tecnologias influenciam o processo de construção da identidade na adolescência? ou quais as características e qual o processo de construção de identidade na adolescência".

Como reflexão final, a discussão do Processo de Construção de Identidade na Adolescência foi bastante enriquecedor, a vários níveis:

a) pela aprendizagem adquirida, quer pela leitura da bibliografia, quer pelo excelente debate de ideias resultante do Fórum A2.

b) foi interessante verificar o modo como muitos de nós colocaram e responderam a questões como: poderá a internet constituir um meio de construção da identidade social sem a dor associada a esta fase? ou Como podem as pessoas anónimas e virtuais ocupar o espaço das pessoas significativas na construção da identidade?, onde a respostas nem sempre foram unânimes o que enriqueceu o debate de ideias.

c) Apesar do intenso debate, ficou claro que é importante desenvolver-se mais investigação nesta área, sobretudo no que respeita à influência dos blogs na adolescência.

Face ao exposto, o balanço não poderia ser mais positivo. Aprendemos colaborativamente, uns com os outros. Pessoalmente, cuja minha área de formação inicial é ligada à gestão, considera que esta actividade ultrapassou as minhas expectativas e acrescentou-me mais saber e conhecimento.

Bibliografia:
Huffaker, D.; Calvert, S. (2008). Gender, Identity and Language Use in Teenage Blogs. In Journal of Computater-Mediated Comunication, 10 (2), article 1.

Schmitt, K.; Dayanim, S.; & Matthias, S. (2008). Personal Homepage Construction as an Expression of Social Development. In Development Psychology, 44 (2), 496-506.

Schoen-Ferreira, T.; Aznar-Faria, M.; Silvares, E. (2003). A construção da identidade em adolescentes: Um estudo exploratório. In Estudos de Psicologia, 8 (1), 107-115.

FERREIRA M, Nelas P. (2002), Educação Ciência e Tecnologia.

in http://revistacrescer.globo.com/Crescer/0,19125,EFC820190-2336,00.html, consultada em 7 de Abril de 2009


Por: João Carrega, 2 de Maio de 2009



De que forma as novas tecnologias influenciam o processo de construção da identidade na adolescência?


Olá a todos, não querendo ser repetitivo, apresento um curto comentário sobre o modo como as novas tecnologias influenciam o processo de construção da identidade na adolescência:
De que forma as novas tecnologias influenciam o processo de construção da identidade na adolescência?
A questão, pertinente, tem sido objecto de diversos estudos e análises, numa época em que as novas tecnologias fazem parte do quotidiano da maioria dos adolescentes, e em que os pais e encarregados de educação se mostram, muitas vezes apreensivos, sobre o modo como os seus filhos utilizam este novo meio de comunicar.
Parece-nos claro que a internet é, neste momento, o meio de comunicação preferido dos adolescentes. Abrantes (2002) revela que uma grande parte dos adolescentes não pode passar sem a Internet. O autor vai mais longe e sublinha que os adolescentes consideram que a Internet é fácil de usar. Já Suler (1996) refere que os adolescentes são atraídos pelas salas de chat e jogos on-line, onde podem experimentar e desempenhar diferentes papéis, assim como estabelecer relações com pessoas que partilham dos mesmos interesses.
Segundo Erikson (1972) construir uma identidade implica em definir quem a pessoa é, quais são seus valores e quais as direcções que deseja para a sua vida. Para o autor, identidade é uma concepção de si mesmo, composta de valores, crenças e metas com os quais o indivíduo está solidamente comprometido.
A construção da identidade pessoal pode considerar-se como a tarefa mais importante da adolescência, o passo crucial da transformação do adolescente em adulto produtivo e maduro.
Erikson revela-nos três factores de influência para a construção dessa identidade:
- factores intra-pessoais (as capacidades inatas do indivíduo e as características adquiridas da personalidade)
- factores interpessoais (identificações com outras pessoas)
- factores culturais (valores sociais a que uma pessoa está exposta, tanto globais quanto comunitários).
Na sua obra, o psicanalista fala ainda de “moratórias institucionalizadas”. Segundo o autor, um adolescente deve desfrutar de um período de moratória psicossocial, um período de espera, de experimentação e de ajustamentos dos vários papéis sociais. Será a partir dessas moratórias que o adolescente desfruta de diferentes modos de socialização que o podem ajudar a resolver a sua crise de identidade (Costa, 1990). Uma dessas moratórias é a internet.
A realização de diferentes estudos sobre esta matéria demonstram a importância que a Internet pode ter na construção da identidade do adolescente, como o demonstram os dois estudos já resumidos e divulgados neste fórum...

Por: João Carrega, 13 de Abril 2009

“Quem sou eu?”

A adolescência pode ser caracterizada como uma fase da vida onde ocorrem alterações físicas, psíquicas e sociais significativas na construção da identidade. Assim, o jovem tende a procurar saber “Quem sou eu?”, olhando à sua volta. A família é a primeira referência que aparece e, embora nesta fase o jovem tenda a distanciar-se sobretudo dos pais, com o sentido de encontrar o seu lugar, os valores incutidos pela família desde que nasceu, prevalecem de alguma forma na sua mente. Se a sua família está estruturada, possivelmente será sempre um “porto seguro”, mas se isso não acontece, terá de continuar à procura de valores, crenças, através de outras referências. É, muitas vezes, através dos seus pares que o jovem encontra, ou pensa que encontra o seu lugar. “ Na contemporaneidade essas relações, muitas vezes, são estabelecidas ou reafirmadas no ciberespaço que, segundo Lévy (1999), é o novo ambiente de sociabilidade e arranjo social, mas também novo espaço da informação e do conhecimento: o local onde surgem as tecnologias digitais”, in Santana (2006).
De acordo com o
Glossário Terminológico de Psicologia SociaI, “Identidade social refere-se ao aspecto "nós" do nosso auto-conceito que depende do nosso sentido de pertença a um determinado grupo social. É assim uma forma particular de representação social que serve de mediador na relação entre o indivíduo e o mundo social. As funções da identidade social incluem o enquadramento da pessoa no ambiente social, a comunicação das posições pessoais e o estabelecimento de relações com os outros (reconhecimento social).”
As novas tecnologias surgem então como representação social na medida em que o adolescente de hoje beneficiará (se usado com “conta, peso e medida”) de mais meios de socialização e, consequentemente, de conhecimento. Este “novo” meio de socialização traz consigo uma panóplia de oportunidades, uma vez que o jovem pode assumir diferentes papéis (embora de acordo com Huffaker, Calvert e Gender (2008), a maior parte dos jovens disponibilizam os seus dados pessoais, muitas vezes dando também a sua indicação de localização geográfica), de forma a responder a questões de identidade, quer pessoal, quer sexual, quer social, entre outras.
Os jovens de hoje procuram responder às mesmas questões que nós, enquanto adolescentes também gostaríamos de ver respondidas. Se as informações da família não são suficientes, ou são postas em causa, há que encontrar referentes noutro lado. Os amigos, os pares serão a escolha óbvia. Mas tanto cara-a-cara, como através do computador, os perigos podem surgir, pois a vida virtual não é mais que uma extensão da vida real. Não descurando as oportunidades que existem através das novas tecnologias, dada a possibilidade de “vestir diferentes roupagens”, há que alertar o jovem para os diferentes perigos, quer reais quer virtuais, há que munir o adolescente de informações sobre o que o rodeia, para ele próprio se poder defender.
Deve ser referido que no estudo de Schmitt, Dayanim & Matthias (2008) o s resultados indicam que os jovens estão a criar páginas pessoais e blogues. Os jovens que o fazem, sentem que foram bem sucedidos (maestria) e que usam estes espaços para expressar a sua identidade. É também demonstrado que os jovens desejam sociabilizar com diferentes tipos de pessoas das que habitualmente convive. Daqui se verifica que o período de adolescência continua a ser um período de experimentação que pode ser positivo. Com o acesso às novas tecnologias, o jovem que é bem sucedido na criação de uma página pessoal, de um blog, sentir-se-á com maior auto-estima e isso poderá reforçar a passagem por este processo até chegar à idade adulta.

Por: Ana Margarida Sousa, 17 de Abril 2009

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