Estudante Digital |


Desafios do presente e do futuro
(Reflexão e justificação das escolhas)

A primeira actividade proposta nesta disciplina passou pela apresentação do perfil do estudante digital. Tendo como base as leituras alojadas na plataforma da Universidade Aberta, e outras que contribuíram para enriquecer o nosso trabalho, optei por escolher estes dois artigos, os quais penso que vão ao encontro do pretendido.
Da análise efectuada e do fórum de discussão, verificamos que o estudante digital tem potencialidades que o poderão preparar melhor para o futuro. No entanto, como também é referido a mistura de saberes (complementaridade) entre o estudante digital e o imigrante digital, pode ser proveitoso para ambos. Outra questão salientada no Fórum e que também apresento nos textos seleccionados, diz respeito à capacidade dos estudantes digitais de interpretar a informação e dominar o conhecimento que permitirá a adequação futura. E esta parece-nos uma questão importante.
Do debate de ideias verifica-se também que as tecnologias constituem um meio para atingir um fim. Mas esta nova realidade poderá «obrigar» a uma nova adaptação "do ensino à nova realidade de alunos, sendo necessária a implementação de novas estratégias e metodologias; reforçando também a origem da diversidade existente dentro da população estudantil (nomeadamente, as características sócio-culturais)", como bem refere a professora Maria João Silva, no comentário à actividade.
Outro aspecto que me parece pertinente e que também refiro nos artigos seleccionados, diz respeito à necessidade de mudar o tipo de ensino ministrado, para uma nova perspectiva em que o docente assume um papel de orientador/tutor, já que os estudantes trazem para o contexto escolar conhecimentos adquiridos noutros contextos; sendo, também, fundamental a aplicação dos conteúdos escolares ao quotidiano. Florentino Blázquez (2009) reforça esta ideia e explica que é um desperdício essa informação adquirida pelos alunos digitais não ser aproveitada na escola. O investigador espanhol, afirma mesmo que "o desenvolvimento da novas tecnologias não diminui em nada o papel dos professores, pelo contrário deve modificar significativamente a sua actuação e constituir uma oportunidade excelente para introduzir inovações nas suas salas de aula e abandonar as práticas tradicionais". E acrescenta que é necessário "converter os saberes desorganizados dos nossos alunos, obtidos na sociedade da informação, em saberes sistemáticos".
Por tudo isto, a minha reflexão final não poderia ser mais positiva. Aprofundei algum conhecimento que já tinha nesta área, quer pela bibliografia, quer pelo trabalho de grupo, quer pelo fórum de discussão. Foi sem dúvida um arranque enriquecedor, para uma disciplina que se veio a revelar bastante importante e interessante.

Bibliografia

Prensky, M. (2004) The Emerging Online Life of the Digital Native: What they do differently because of technology and how they do it. 1-14.

Prensky, M. (2001) Digital natives, digital immigrants. In On The Horizon (Vol9, nº 5). NCB University Press.

Blásquez F (2009), Nuevas tareas de los docentes en la sociedad de la información, comunicação apresentada nas Jornadas da Associação Nacional de Professores.

Ruivo, J. 2008, Educação & Desenvolvimento, RVJ - Editores, Lda





Para ver o Documento do Grupo Rosa clique no link que se segue


http://docs.google.com/Present?id=dcjjzhks_0d7q4zhfq&revision=_latest&start=0&theme=blank&cwj=true

Estudante digital pode ser classificado da seguinte forma:

1 - É um estudante multi-tarefa, que consegue receber e comunicar informação, através de vários meios tecnológicos tradicionais (TV, rádio) e digitais (telemóvel, Internet, mail, SMS, redes sociais), de forma síncrona e assíncrona.

2 - Para este estudante, ler não é mais algo que se faz através de palavras, da esquerda para a direita e de cima para baixo. Ler é mais ler ecrãs do que páginas, ecrãs em que a organização da informação é mais espacial do que lógica em termos da página tradicional.

3 - Prefere claramente o texto “caótico”, ou seja, o hipertexto, no qual o leitor escolhe o caminho de leitura em função dos seus interesses, não tendo de obedecer a uma estrutura de um documento definida pelo autor, como acontece, por exemplo, num livro.

4 - Para este estudante, escrever não é apenas escrever com palavras, em suporte papel. Escrever pode ser escrever com palavras, com imagens estáticas ou em movimento. Adere por isso a novas linguagens e, frequentemente, adapta-se facilmente a novos conceitos de ortografia (ex: SMS, chat).

5 - Este estudante considera que a sua evolução acontece através da partilha de conhecimento e não da aquisição individual do conhecimento. Assim, aprender é um acto mais social que individual. Quanto mais partilha e mais informação partilham com ele, maior é o seu poder, porque mais informação domina.

6 - Este aluno não se adapta a uma escola em que o professor ensina e o aluno aprende. Este aluno é activo, intervém na sua aprendizagem, aprende com recurso aos novos meios tecnológicos, e sabe manusear as tecnologias de informação e comunicação, muitas vezes com vantagem em relação aos professores.

7 - Este aluno exige uma nova forma de ensinar, mais adaptada à sua forma de aprender, mais centrada em actividades de cariz pedagógica, em que o aluno é activo, em que o aluno procura informação em meios tradicionais e digitais, partilha informação com os pares e necessita de um guia.

8 - A escola mantém um conflito com o mundo exterior em termos de tecnologias, pois a escola evolui lentamente e as tecnologias evoluem exponencialmente.

9 - O professor deve estar preparado e lutar para que a escola esteja preparada para o seguinte: os alunos do mundo exterior têm de aprender, e embora o façam no mundo exterior (escola paralela), é na escola tradicional que devem fazer aprendizagens significativas, guiadas por professores cientificamente preparados e de mente aberta em relação às tecnologias. A escola tem de preparar os alunos para que estes sejam capazes de interpretar, de forma crítica, o mundo exterior à escola.

Por: João Carrega, Março 2009, Actividade 1




Estudante Digital versus Imigrante Digital



Olá, bom dia, aqui vai uma reflexão sobre a seguinte questão abordada pelo Grupo Verde:


"Estará o novo estudante digital mais preparado para o futuro do que o imigrante digital?"


Penso que a impossibilidade de apresentar uma resposta taxativa a esta questão reside, em primeiro lugar, no facto de não conseguirmos saber com certeza o que vai ser o futuro. Numa análise superficial e ignorando a variável futuro, poderemos considerar que o estudante digital está, no mínimo, melhor preparado. Numa análise mais profunda, importa abordarmos três ideias fundamentais:


a) O futuro está a ser preparado por imigrantes digitais e não por estudantes digitais;


b) Os estudantes digitais estão a ser preparados por professores que são imigrantes digitais, com a agravante de, ainda recentemente, a Comissão Europeia ter apontado como meta urgente a preparação dos professores para o uso das TIC com fins educativos, seja ao nível da formação contínua, mas também ao nível da formação inicial, o que deixa antever que os professores que estão a ser formados ainda são imigrantes, pelo menos em termos de formação;


c) os imigrantes têm a vantagem de poder fazer um paralelo entre o digital e o Universo de Gutenberg, se é que me é permitido generalizar assim o período anterior ao digital. Os estudantes digitais não dispõem da experiência de vida que lhes permita fazer esse paralelo e tenderão a olhar para trás com um sentido negativo.


Tendo em conta estas ideias, penso que é, no mínimo, discutível se o estudante digital está melhor preparado para o futuro. No sentido do que referem os investigadores espanhóis Roig e Illera (2005), estará uma escola Low Tech preparada para formar estudantes/cidadãos para uma sociedade High Tech? Aqui é que poderá centrar-se a questão e não tanto na questão inicial, do estudante digital versus imigrante digital.


A este respeito, da escola, gostava de referir a seguinte ideia de Ruivo (2008): “Vivemos num novo milénio que pretende reconfigurar a sociedade, atribuindo-lhe um novo formato centrado em novas formas de receber e transmitir a informação, o que implica uma busca interminável do conhecimento disponível. Para alcançar tal objectivo, imputa-se à escola mais uma responsabilidade: a de contribuir significativamente para que se atinja o que se convencionou designar por analfabetismo digital zero. Para tal, a educação para a utilização das TIC precisa ser planeada desde o jardim-de-infância. Sem preconceitos ou desnecessárias coacções, sem substituir atabalhoadamente o analógico pelo digital, mas sim reforçando a capacidade cognitiva dos alunos e guiando a descoberta de novos horizontes”.



Por João Carrega, 25 Março 2009, Fórum A1

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