Análise da Identidade em Sites Sociais


Análise da Identidade em Sites Sociais
Trabalho do Grupo POP
João Carrega, João Monteiro, Mónica Cardoso e Octávio Inácio




Análise da Identidade em Sites Sociais
(Reflexão e Fundamentação das escolhas)

Identificar as marcas identitárias da adolescência em sites sociais de jovens foi o último desafio que nos foi proposto nesta disciplina. Através da construção de uma grelha de análise de marcas identitárias em sites sociais de jovens, procurámos fazer a análise de um site social de jovens, tendo por base a grelha construída. Foi um trabalho motivador para toda a equipa, e que revelou a importância que os sites sociais têm para os jovens e em particular para os adolescentes. Também nos ficou claro, de todos os trabalhos apresentados e da discussão nos Fórum, que há um aumento do número de adolescentes que recorrem à internet e, em particular, aos sites sociais. Abrantes (2002) revela que uma grande parte dos adolescentes não pode passar sem a Internet. O autor vai mais longe e sublinha que os adolescentes consideram que a Internet é fácil de usar.
De todos os analisados pelos diferentes grupos, verifica-se, ao nível da rede, a facilidade em se criar um site próprio, de editar o perfil, alojar imagens e textos, comunicar e convidar amigos, o acesso rápido, publicidade identificada, e a existência de motor de busca (Sapo), entre outros.
De todos os comentários colocados no Fórum de discussão optei por escolher uma intervenção minha, que de forma objectiva explica a importância que os jovens atribuem aos sites sociais e as principais conclusões que se retiram dos diferentes trabalhos. Optei ainda por seleccionar uma outra de Pedro Amaral, pela profundidade, pertinência e informação transmitidas.
Considero que os objectivos deste trabalho foram atingidos. Foi uma tarefa bastante enriquecedora, que veio comprovar alguma informação que já tinha conhecimento, mas que também me acrescentou mais saber nesta área. A dinâmica do Fórum foi mais uma vez excelente, com os diferentes pontos de vista sobre a matéria.

Por João Carrega, 16 de Junho



Bibliografia

Dias, Jose Eduardo C, Perfis de Utilizadores em Web 3.0, Universidade do Minho, site http://uminho.academia.edu/documents/0011/4991/2009_MScPre_JoseDias.pdf, consultado em 25/5/2009

Donath, J; Boyd, D. (2004) Public displays of connection in BT TECHNOLOGY JOURNAL, 22 (4), pp 71-82.

Kortuem, G;Z. Segall, et al. (1999) "The Impact of Computer Networking on Comunity: A Social Network Analisys Approach. American Behavioral Scientist.

Prensky, M. (2004) The Emerging Online Life of the Digital Native: What they do differently because of technology and how they do it. 1-14.

Prensky, M. (2001) Digital Natives, digital immigrants. In On The Horizon (Vol9, nº 5). NCB University Press.

BOYD, d. m., & ELLISON, N. B. (2007). Social network sites: Definition, history, and scholarship. Journal of Computer-Mediated Communication, 13(1), article 11. http://jcmc.indiana.edu/vol13/issue1/boyd.ellison.html

Huffaker, D. A., and Calvert, S. L. (2005). Gender, identity, and language use in teenage blogs. Journal of Computer-Mediated Communication, 10(2), article 1. http://jcmc.indiana.edu/vol10/issue2/huffaker.html

Recuero, Raquel (2008) Um estudo do capital social gerado a partir de Redes Sociais no Orkut e nos Weblogs

Revista FAMECOS Porto Alegre nº 28 dezembro 2005 quadrimestral






Importância que os jovens atribuem aos sites

Tal como já aqui foi referido há alguns aspectos a ter em conta nos sites analisados e que vão ao encontro do desafio que nos foi lançado e daquilo que anteriormente tínhamos debatido em fóruns anteriores.
De todos os sites analisados verificamos a importância que os jovens atribuem ao seu perfil. Alguns, colocam-no privado (autorizando a sua consulta a um grupo restrito de amigos), mas a maioria apresenta-o de forma livre.
O perfil do utilizador é uma descrição mais, ou menos, verdadeira de um indivíduo, dos seus gostos pessoais, interesses, competências e opiniões (Kortuem, Segall et al. 1999 ). O perfil surge como algo de fundamental no processo.
Como também verificámos, o desejo de ser fixe é ter amigos e ser validado pelos pares.
O modo como o perfil é apresentado difere de rapazes para raparigas, com as «meninas» a apresentarem sites mais femininos (flores e corações), com cores bem definidas, ao contrário dos rapazes, para quem esse aspecto não conta muito.
A apresentação de fotos é algo de fundamental nos sites analisados, assim como fundamental para os jovens são os comentários que lhe estão associados. Como bem refere o grupo Heavy Metal, os jovens utilizam os sites sociais para se mostrarem e ter aceitação.
Os assuntos apresentados também estão relacionados com a idade dos jovens e os interesses comuns, como a música, por exemplo.
Outro dado importante é a questão de partilha. De partilha de ideias, de conhecimentos, de sensações e opiniões. Mas também de amigos, a partir de um site vai-se ter ao do amigo e deste para o amigo do amigo. É isto a rede social, com todos os benefícios e perigos e a uma facilidade de navegação enorme que nos permite ir até sempre mais além...
PS: Concordo com o Paulo quando refere que a função dos sites sociais passa por manter uma comunicação permanente entre os jovens, com o estabelecimento de uma rede de relacionamentos. E eu acrescentaria que essa comunicação é feita de uma forma muito particular, nessa faixa etária, e ao mesmo tempo com simplicidade, ou seja sem ter que recorrer a algo mais profundo (como os livros que li ou que estou a ler). Penso que, de facto, nós todos na adolescência, nos preocupámos mais em abordar outro tipo de assuntos, pelo menos entre os pares, do que os nossos interesses literários... e isso, como aqui também foi referido, não significa que não se tivessem lido livros (mas isto é apenas um aparte ).

Por João Carrega, 11 de Junho de 2009


Marcas Identitárias

A leitura e reflexão das grelhas de análise de marcas identitárias em sites sociais de jovens desenvolvidas pelos diferentes grupos permitem estabelecer um conjunto alargado de teias de relações com os diversos recursos educativos previamente discutidos.
Sabemos de leituras anteriores que a identidade é uma tarefa central do desenvolvimento do ser humano que se prolonga por todo o ciclo da vida. No entanto é na adolescência que este processo assume uma importância particular pois é nesta fase de transição entre a infância e a vida adulta que os jovens, como teorizou Erikson (in Schmitt e Dayaminn, 2008), enfrentam o desafio da auto-definição e da formação da identidade e começam a desenvolver a noção de quem são, estabelecendo objectivos, opiniões, atitudes. É uma fase em que “ estão constantemente a tentar responder à questão Quem sou eu? enquanto utilizam as percepções de outros e de si próprios para ajudar a definirem-se a si próprios (ibidem)”.
Como temos vindo a compreender nesta disciplina, este processo natural de auto-descoberta joga-se hoje em novos contextos, em novos espaços de socialização mediados pelos médios digitais. Como referem Huffaker e Calvert (2005) “À medida que os adolescentes procuram definir quem são (…), os seus fóruns de auto-descoberta se expandiram.” Esses novos fóruns de socialização são hoje diversos, e estão ao alcance dos adolescentes em diferentes formatos, suportes, tecnologias e à distância de um clique ou do carregar de uma tecla. As redes sociais são um desses novos espaços que progressivamente vêm ganhando o seu espaço no dia-a-dia dos jovens e por isso são bastante importantes como ferramenta de estudo desta fase do desenvolvimento humano nomeadamente pela possibilidade, como podemos observar por esta proposta de trabalho, de identificar distintas marcas identitárias que permitam compreender o processo de socialização dos adolescentes.
Como refere Recuero (2008, 106) “Uma rede social é definida como um conjunto de dois elementos: actores (pessoas, instituições ou grupos) e suas conexões (Wasserman e Faust, 1994, Degenne e Forsé, 1999). Trata-se, assim, de uma abordagem focada na estrutura social, na qual “individuals cannot be studied independently of their relations to others, nor can dyads be isolated from their affiliated structures”2 (Degenne e Forsé, 1999, p. 3). Neste sentido, o estudo destes sites permite uma visão abrangente do processo de interacção entre o indivíduos e a natureza social das suas interacções. Da leitura das grelhas e das análises existem um conjunto de considerações que penso podem ser generalizadas às diferentes análises propostas:
Os jovens utilizam as redes sociais como um processo de afirmação da sua própria personalidade, como um meio para serem aceites pelos seus pares, no qual aprendem as regras e normas de socialização indispensáveis na vida adulta. Nesse sentido, a necessidade de pertença a determinado grupo de amigos revela-se como uma marca identitária muito forte e está presente em inúmeros exemplos. O número de amigos, os comentários, os fives e os grupos a que pertencem são um exemplo claro dessa necessidade, apesar de nem sempre o nº de amigos corresponder ao nº de comentários. Apesar de não existir forma de confirmar esses dados, os autores (na maioria dos casos) revelam a sua identidade, idade, data de nascimento, local de residência (geral) e mantêm um perfil acessível aos restantes utilizadores e excluem os adultos deste espaço de socialização. Os resultados demonstram também que os jovens não têm receio em demonstrar sentimentos seja de amizade seja relações amorosas e demonstram apetência pela auto-reflexão, mas fazem-no perante amizades que já existem fora do ambiente virtual dos sites estudados. Esta leitura parece então confirmar a opinião de Boyd e Alisson (2007) quando estes afirmam que “Apesar de existirem algumas excepções, a pesquisa existente sugere que as SNS suportam primariamente relações sociais pré-existentes. Ellison, Steinfield, and Lampe (2007) sugerem que o Facebook (caso estudado) é utilizado para a manutenção ou solidificação de relações de amizade, e não para se conhecerem novos amigos.”
Ao nível da interface gráfica dos sites analisados nota-se algum cuidado na apresentação o que demonstra, como já referimos em posts anteriores, uma forma de valorização perante os outros através da exibição de competências estéticas e técnicas. Nos rapazes notámos uma incorporação de um maior nº de addons (acrescentos) como musicas, vídeos, jogos, etc e uma imagem gráfica mais agressiva quer nos elementos visuais quer nas cores utilizadas. As meninas apresentam, na minha opinião, uma estética mais cuidada, mais criativa e naturalmente mais feminina.
Apesar das análises parecerem apontar para uma maior disponibilidade das raparigas para a identificação pessoal, dando mais dados reveladores sobre si próprios e um menor cuidado na privacidade, parece-me que não se poderá generalizar essa análise. Encontrei inúmeros exemplos de sites de rapazes em que estes expõem de uma forma bastante clara os seus sentimentos. Essa observação poderá estar directamente relacionada com mudanças sociais nos comportamentos dos rapazes, tradicionalmente mais reservados.
A utilização intensiva e extensiva de fotografias é outro aspecto transversal aos diferentes sites analisados, nomeadamente a peculiaridade de algumas poses estudadas, o que demonstra o cuidado na apresentação pessoal e a necessidade de estar bem perante os outros.
Ao nível da linguagem ou netspeak (como por vezes é referida) é notório a utilização de uma linguagem criativa, inovadora e híbrida, onde se conjuga formas linguísticas tradicionais e formas adaptadas com o recurso, como já foi referido por diversos colegas, à gíria e ao calão. Estão também presentes acrónimos (ex:lol), variações e jogos de palavras e ecomotions. De uma forma geral a linguagem utilizado pelos rapazes é mais agressiva, mais sexista e com um carácter sexual mais explicito que de certa forma contrasta com uma linguagem mais cuidada, mais polida das raparigas.


Por: Pedro Coelho Amaral, 12 de Junho 2009





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